segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Depois de 35 anos, Carnaval retorna às ruas do Timor Leste

Díli, 21 fev (Lusa) - Após 35 anos, o Carnaval retornou às ruas de Díli, capital do Timor Leste, com a promessa de "animar a Ásia" e exportar alegria como cartaz turístico.
Um desfile carnavalesco passou pela marginal de Díli, entre o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Governo.
O desfile acabou diante do primeiro-ministro, Xanana Gusmão, com uma banda brasileira vinda da Austrália tocando ao vivo em cima de um caminhão, com uma gravação da cantora Ivete Sangalo.

Foi um cortejo molhado pelas chuvas da monção timorense, mas o espírito, resumido na faixa que abria o desfile, era "viver a alegria e celebrar a liberdade".
Os festejos do Carnaval de Díli integram as comemorações do décimo aniversário do referendo pela independência do Timor Leste, realizado em agosto de 1999.

Resgate da tradição

"Vamos animar a Ásia", afirmou o vice-premiê, José Luís Guterres, enquanto esperava a chegada do cortejo no Palácio do Governo.
Em declarações à Agência Lusa, Guterres lembrou o "tempo de diversão" que era o Carnaval na época colonial portuguesa. "Apanhávamos com ovos e tomates. Toda a gente participava. Os grupos davam volta à cidade e a juventude interessava-se muito".
"Queremos reviver esses tempos e fazer com que o Timor não seja só lembrado pelos recentes conflitos, mas também pela alegria", acrescentou.
"Também queremos que se saiba na Ásia e no mundo que há uma tradição antiga, que não creio que exista muito na região. O objetivo é também que as pessoas da Ásia que não podem ir ao Brasil venham aqui o Timor Leste, a um mini-Carnaval ao estilo brasileiro", explicou ainda José Luís Guterres.

Apoio


As embaixadas do Brasil, Cuba, Austrália e Nova Zelândia estiveram diretamente envolvidas no desfile.
O embaixador australiano em Díli, Peter Hayward, liderou um bloco de "timorenses australianos e australianos australianos" e mostrou que aprendeu a sambar no seu posto anterior como diplomata, em Brasília.
A sua melhor recordação do Carnaval brasileiro é a música. Para a sua mulher, que entrou no bloco australiano do cortejo, são "as plumas"Em Díli, e com chuva, "não vai ser como no Brasil, mas vai ser divertido" dizia Peter Hayward no início do cortejo, agarrando um canguru inflável.O trio elétrico, com Jeanne Bastos & Banda, como mandam as regras do Carnaval nordestino do Brasil, tocou em cima do primeiro caminhão.Jeanne Bastos, do interior da Bahia, trabalha num hospital de Sidney. O percussionista é também emigrante brasileiro na Austrália e o trio elétrico integrava ainda um músico japonês.
"O povo está animado e é isso que é importante" comentou Marcelo Rosa, dono de um restaurante brasileiro em Díli.

Objetivo

O ministro do Comércio, Turismo e Indústria, Gil Alves, foi quem teve a ideia de reintroduzir o Carnaval.
"No íntimo, é alegria e gozo. E o povo precisa disso" explicou o ministro, falando dos planos para desenvolver o Carnaval de Díli como cartaz turístico internacional.
Sem incidentes e com centenas de participantes, das escolas aos grupos de artes marciais, o Carnaval de Díli deu um ar brasileiro à capital timorense, com a mensagem resumida por José Luís Guterres: "Adeus ao conflito, olá alegria".







Premiê Timorense Xanana Gusmão fala ao público no Palácio do Governo





Adaptado de Pedro Rosa Mendes, da Agência Lusa

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