sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Viagem para Bali

Dia 20/12/2009 partimos de Timor-Leste para a ilha de Bali, uma das quase três mil ilhas da Indonésia. Bali, Singapura e Darwin (Austrália) são os únicos destinos aéreos saindo de Timor-Leste. Saindo do Timor para Bali são vôos diários pela empresa Indonésia Merpati e uma passagem de ida e volta custa 340 dólares americanos. Existe uma alternativa que é ir de Dili até Koupang na Indonésia de ônibus (30 dólares e 12 horas de viagem) e de Koupang para Bali a passagem aérea de ida e volta custa 200 dólares americanos e é uma boa para quem quer economizar dinheiro, mas as 12 horas de viagem não me encorajam.

Eu tinha 15 dias de recesso de fim de ano e queria ir além de Bali a Tailândia e a Malaysia, então tinha que dividir bem o tempo em cada lugar. Como já era minha quarta vez em Bali, decidi deixar somente 3 dias nessa ilha e aproveitar o restante do feriado nos outros países. Chegando a Bali, você pode tirar o visto de entrada no próprio aeroporto (visa on arrival), necessita somente ter um passaporte com mais de 3 meses de validade e esperar uns 40 minutos em uma fila. Um visto single de 15 dias custa 20 dólares americanos. A Indonésia tem um acordo com o Brasil que isenta do pagamento do visto brasileiros portadores de passaporte diplomático e de serviço, bastando que o titular do passaporte emita com antecedência em uma representação diplomática da Indonésia seu visto, que pode ser simples (vale uma única jornada na Indonésia, tem validade de 15 dias), de trânsito (igual ao simples, só que a validade é de somente 7 dias), múltiplo (pode ficar 15 dias na Indonésia e o visto vale 3 meses, podendo entrar e sair do território indonésio quantas vezes quiser) e duplo trânsito (igual ao simples, só que pode entrar e sair uma vez da Indonésia).A Embaixada da Indonésia que decide qual visto você tem direito, como também o prazo de permanência, geralmente se você escreve no formulário de solicitação que vai visitar outros países além da Indonésia eles lhe concedem um visto de Duplo trânsito ou o múltiplo. Como tenho passaporte de serviço emiti o visto na Embaixada da Indonésia em Dili. Foi-me concedido o visto de Duplo trânsito com um prazo de permanência de 7 dias, foi bom porque evitei a fila gigantesca do aeroporto de Bali.

Kuta Beach - Presença Mulçumana em Bali

Fim de ano e feriados mulçumanos é muito difícil conseguir hotel em Bali e os que têm quarto disponível, inflacionam em até 1000% o valor do quarto. Então se pretendes ir a Bali em períodos de alta temporada ou em alguma data que coincida com um feriado mulçumano é bom reservar um quarto de hotel com uns 2 meses de antecedência afim de evitar ter que ficar procurando quarto de hotel em hotel. Eu sempre fico hospedado no hotel Masa inn em Kuta Beach. É um hotel bem localizado, fica na Popies Lane II, a 5 minutos da praia e próximo aos principais shoppings e lanchonetes, como Mac Donalds, KFC e Pizza Hut. Os quartos do Masa Inn são novos, e são equipados com banheira, refrigerador, TV a cabo e cofres de segurança. A diária em um quarto duplo sai em média por 40 dólares americanos. Vizinho ao Masa Inn existe outro bom hotel, o Lawalon. Mais simples que o Masa Inn, o Lawalon não tem cofre no quarto e o hotel só tem uma piscina, ao contrário do Masa Inn que tem 2 piscinas. Ambos os Hotéis contam com um bom café da manhã, que já está incluso na diária. A diária no Lawalon estava custando 37 dólares para um quarto duplo.

Como não fiz reserva no Masa Inn com antecedência, não consegui vaga para o dia 20/12. Então reservei por 3 dias um quarto duplo no Lawalon. Eles ofereceram um serviço de transfer do Aeroporto para o Hotel, ao custo de 70.000 ruphias (cerca de 7 dólares). Não aceitei preferindo pegar um taxi no aeroporto mesmo. Os taxis em Balis são muito baratos. A maioria é equipada com taxímetro, mas a maioria dos taxistas prefere combinar o preço da corrida antes. Se for apanhar um taxi no aeroporto, não pegue taxis na rua, procure um guichê de taxi na saída do desembarque do aeroporto. Eles trabalham com o preço tabelado dependendo do seu destino. Do aeroporto para Kuta Beach, paguei o equivalente a 5 dólares ou 50 mil ruphias. A maioria dos estabelecimentos em Bali só aceita a Ruphia Indonésia, então é necessário trocar seu dinheiro para a moeda local, inclusive para pagar o taxi. A taxa de câmbio no aeroporto de Bali é bem mais baixa que na cidade, então troque somente o necessário para chegar lá, ou seja, cerca de 10 dólares. É muito fácil trocar dinheiro em Bali, em cada esquina da cidade existe um quiosque de câmbio, então vale a pena pesquisar a melhor taxa e os lugares que não cobram taxa pelo câmbio. O melhor lugar que encontrei para fazer o câmbio foi na Poppies Lane II mesmo, próximo ao Mac Donalds. Só mais uma observação em relação a troca de dinheiro, as cédulas de 100 valem mais que as outras cédulas. Existe uma tabela diferenciada para cédulas de 100, para cédulas de 50 e cédulas de 20, 10, 5 e 1 dólar. Outra observação é que só são aceitas cédulas da série 2006 e o real brasileiro não é aceito.



Bem, chegando ao Lawalon, não gostei muito do quarto e do valor da diária, então fiz algo que não gosto de fazer, fui atrás de outro hotel. Fui a um hotel que eu já tinha visto em outra vez, mas que naquela oportunidade não tinha nenhum quarto disponível. Era o hotel New Arena. Esse hotel fica na Poppies Lane I, também muito bem localizado, quarto grande, com banheira, TV a cabo e refrigerador, além de uma grande piscina. Consegui uma diária de um quarto duplo de luxo nesse hotel por 18 dólares, ou seja, a metade do preço do Lawalon, sendo que o hotel era bem melhor. Então resolvi que mudaríamos no outro dia para lá. Foi-me exigido no New Arena que eu pagasse todas as diárias antecipadas. Voltamos ao Lawalon e comuniquei que sairia no outro dia, eles não gostaram muito porque eu tinha reservado 3 dias, mas como não tinha feito nenhum pagamento antecipado, eles não tinham como me obrigar a ficar lá.

Dia 21 mudamos a tarde para o New Arena. Tinha feito um roteiro de 2 dias para passear em Bali:
Dia 21/12/2009 - Barong Dance, Celuk, Monkey Forest, terraços de arroz de Tegallantang, Kitamani Volcane e Lake Batur, restaurante Beside Volcane, Mother Temple, Uluwatu (Monkey Temple).
Dia 22/12/2009 –Kawasan Luar Pura Taman Ayun (Templo da Família Real) e Tanah Lot.


Em Bali os passeios turísticos funcionam de duas formas, ou você aluga um carro e vai conhecer os lugares ou então vai a uma das centenas de agência de turismo e combina o preço para os lugares que quer conhecer. Em relação a combinar o preço em Bali, você pode pechinchar o preço de qualquer coisa. Tipo eles lhe oferecem uma mercadoria ou serviço por um preço X, você consegue pagar dependendo do vendedor e de seus argumentos até X/3. Faz parte da cultura hindu, gostar de negociar os preços e em Bali 50% da população é Hindu. Então no dia 20 mesmo fui a uma agência de turismo e tentei negociar os preços dos 2 dias de passeio. Acontece que por ser alta estação não consegui um bom preço pelos pacotes e como estava com pouco tempo, resolvemos fazer só um dia de passeio, com o seguinte roteiro: Kawasan Luar Pura Taman Ayun (Templo da Família Real), Monkey Forest e pôr do sol em Tanah Lot. O primeiro e o último templo eu ainda não tinha ido. Paguei 25 dólares por 2 pessoas, com direito a transfer de ida e volta para o hotel.

Templo da Família Real

Ficou combinado que o carro passaria 15 horas no Hotel para buscar-nos. As 14:30 a recepcionista do hotel nos ligou avisando que o carro da agência de turismo já estava a nossa espera. Gostei da pontualidade, não da antecedência de 30 minutos.

O carro era uma mini van, com ar-condicionado e o passeio era só para nós dois. O motorista indonésio falava muito bem inglês e quando soube que éramos brasileiros começou a falar sem parar. Primeiramente fomos ao templo da Família Real. Bali era uma monarquia, com a proclamação da República na Indonésia o Rei de Bali perdeu o trono, mas o respeito do povo pelo Rei continuou. O Kawasan Luar Pura Taman Ayun ou Templo da Família Real é uma construção Hindu, com uma bela fonte e um gramado na frente e é cercado por duas grandes lagoas. Após passar por um portal, você entra na região do templo.

Proibição da entrada de mulheres mestruadas no Templo da Família Real

O acesso ao interior do Templo só é permitido a Hindus com trajes típicos, então nós turistas temos que nos contentar com a visão por cima do muro. Ao contrário de outros guias, o nosso permaneceu no carro e tivemos que nos virar para entender o que era cada coisa no templo. Uma coisa nos chamou a atenção na entrada desse templo, uma placa informava que era proibida a entrada de mulheres menstruadas, não entendi a razão.


Saindo do Taman Ayun, seguimos para a Floresta dos Macacos. Quando de minha segunda vez em Bali, já tinha ido a esse lugar, então pensei em ver a mesma coisa. Mas estranhei que o motorista tinha nos levado a outro lugar. Fiquei sabendo então que aquela era a verdadeira Monkey Forest e a que eu tinha ido outra vez, era só um templo cheio de macacos. Antes de chegarmos a Floresta o motorista tinha nos avisado que seu irmão estava lá e que iríamos conhecê-lo, pensamos então que ele trabalhava lá. Ao final do passeio, perguntei onde estava o irmão dele, ele falou que eram todos os macacos. Eu o olhei sem entender nada, aí ele nos explicou que de acordo com a cultura hindu, as pessoas descendem dos macacos e por isso os macacos eram irmãos dele.


Floresta dos macacos

A floresta dos macacos na verdade era um templo cercado por um grande muro, onde centenas de macacos ficavam soltos esperando para ser alimentados pelos turistas. Do lado de fora da floresta uma grande feira de souvenires foi formada. Ao contrário do Templo da Família Real, tivemos que pagar para entrar na Floresta. Muitas pessoas vivem da exploração turística de pontos religiosos em Bali. Assim que pagamos, uma senhora aproximou-se de nós e começou a caminhar junta conosco, então deduzimos que ela era uma guia do local. Mais uma vez nosso motorista ficou no carro. Ela nos mostrou onde estavam os macacos, tirou fotos nossas, nos levou ao templo que fica no interior da floresta e nos mostrou uma árvore repleta de morcegos gigantes. Mais a frente um senhor tinha montado uma barraca com uma gaiola cheia de morcegos gigantes. Os turistas podiam pagar para tirar fotos segurando os morcegos. Tirei fotos com os enormes morcegos. Logo depois bateu o arrependimento. Que tipo de tratamento aqueles morcegos recebiam?! Percebemos depois que eles tinham as asas quebradas para não voar e os turistas poderem segurá-los. Os macacos pareciam bem tratados, mas os morcegos daquela barraca não. Nós só incentivamos que aquele homem continuasse com aquele tratamento cruel. Na saída da floresta, percebemos que na verdade nossa guia era uma vendedora e ela queria como pagamento que fôssemos visitar sua barraca de souvenires. Fomos e compramos 1 blusa, achei justo pela ajuda que ela nos prestou.

Barraca para turistas tirarem fotos com os morcegos gigantesÁrvore repleta de morcegos gigantes

Para finalizar o passeio, fomos ao Tanah Lot, um famoso templo de Bali. Localizado dentro do mar, o templo é repleto de turistas. Como na Floresta dos macacos, para entrar no Tanah Lot é necessário pagar. Logo na entrada existe uma feira de souvenires que lembra mais um grande mercado público. Logo adiante existe um portal e descendo alguns degraus chegamos à praia. A esquerda fica no alto de uma montanha que entra no mar, um grande templo hindu que recebe o nome do lugar. Ficamos lá até o pôr do sol. Com certeza Tanah Lot foi o lugar mais bonito de Bali que eu conheci.


Pôr do sol em Tanah Lot
Turistas na entrada de uma das cavernas do Tanah Lot

Voltamos para o nosso hotel e o motorista não quis nos deixar na porta do mesmo, alegando que era feriado hindu naquele dia (dia do ser humano) e que a rua estaria interditada. Deixou-nos há uns 2 km do hotel e tivemos que fazer o percurso a pé e para nossa surpresa a rua não estava interditada.

Acertamos com o motorista do passeio para nos apanhar no dia seguinte em nosso hotel e nos levar para o aeroporto. Como de costume ele chegou 30 minutos adiantados e ainda não estávamos prontos, ele teve que esperar. Ele nos cobrou cerca de 6 dólares até o aeroporto. Não achei caro, pois teríamos que andar com as malas em busca de um taxi que nos cobraria no mínimo o equivalente a 5 dólares. A distância de Kuta Beach é cerca de 5kms e dependendo do trânsito é possível fazer o percurso em 10 minutos. Na alta estação e em horários de pico essa mesma distância é percorrida em até 1 hora. Usando o taxímetro até o aeroporto, saindo de Kuta Beach você pagará no máximo 3 dólares, mas é difícil encontrar um taxista que aceite.

De Bali embarcamos para Bangkok na Tailânida. Assunto de meu próximo post.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Cinema, 3 dólares, pipoca, 1 dólar, coca-cola, 1,5 dólar, ver o novo filme de Sherlock Holmes antes da estréia no Brasil e em tailandês, não tem preço

Cartaz do Filme na Tailândia

Tive um recesso de fim de ano em minhas atividades em Timor-Leste, então resolvi viajar pela Indonésia, Tailândia e Malaysia. Farei um relato de minha estadia nesses países e espero que isso possa ajudar os que pretendam visitar tais países.

Gostaria de começar o relato de minhas aventuras pela Ásia, com um fato que aconteceu comigo e que com certeza guardarei na memória para sempre.

Eram 31 de dezembro de 2009, por volta de 9 da noite e estávamos em Phuket (sul da Tailândia) já faziam 2 dias. Ficamos sabendo que em Phuket Town não haveria festa de ano novo, somente uma queima de fogos em pontos espalhados pela cidade. Fomos andar na região dos shoppings a procura de algum lugar para jantar, foi quando vi na entrada de um dos shoppings (Paradise Phuket) o cartaz do novo filme de Sherlock Holmes. Esse filme já estreou em vários países, mas no Brasil a estréia só está prevista para 08/01/2010. Pelo que já tinha visto nos trailers e lido em várias críticas na internet o filme estava muito bom. Eu como fã número 1 de Sherlock Holmes não poderia perder essa oportunidade. Fui então comprar as entradas, que por sinal eram bem mais baratas que no Brasil. Os ingressos para duas pessoas custavam 180 baths, (cerca de 6 dólares ou 10 reais). Acontece que na hora de pagar os ingressos a vendedora se recusava em vender-me. Ela alegava que o filme era falado em tailandês e que não tinha legendas. Eu não sou muito fã de quase nada, mas sou fã de carteirinha de Sherlock Holmes, li todos os livros quando tinha 12 anos, tenho vários filmes e livros dele, então decididamente disse que queria comprar os ingressos assim mesmo. Então ela chamou outra funcionária do cinema que me explicou a mesma coisa e mais uma vez confirmei a compra. Mesmo sabendo que não entenderia nenhuma fala do filme, acreditei que as imagens valeriam à pena e que não me arrependeria.

No meu próximo post, falarei mais sobre minha viagem por Bali, Tailândia e Malaysia. Mas algo na Tailândia me chamou muito a atenção, a veneração que os tailandeses têm pelo Rei Bhumibol Adulyadej. Existem fotos do monarca tailandês espalhadas por todas as ruas, casas e comércios da Tailândia. Mas o que me causou espanto foi que antes de começar o filme, apareceu um aviso em tailandês e inglês que dizia: “Em respeito a Sua Majestade, o Rei da Tailândia, fique em pé!”, todos os que estavam no cinema ficaram em pé, inclusive eu. Então por alguns minutos vimos em silêncio imagens do Rei e da Família Real tailandesa. Foi um momento único e pude perceber como o Rei tailandês é querido por seus súditos, é como se ele fosse um Deus para eles.

Em relação à sala de projeção do cinema (Coliseum Cineplex, www.coliseumcineplex.com), tratava-se de um local muito confortável, com poltronas bem reclináveis e macias e tinha um excelente sistema de som e projeção, bem compatível com as melhores salas de cinema do Brasil. Já em relação ao filme, resolvi assistir somente a primeira hora do mesmo, pois queria deixar um pouco de suspense para quando eu tiver a oportunidade assistir e entender o que é falado. Mas pelo que assisti, deu para perceber que o filme ficou muito bom. Já li em alguns lugares, que o diretor Guy Ritchie tinha acabado com o personagem criado por Sir Arthur Conan Doyle no século XIX, mas pelo que assisti percebi as mesmas características do personagem relatadas nos contos de Conan Doyle. Acho que os filmes anteriores é que davam uma caracterização errada do personagem, levando-o mais para o padrão da era Vitoriana. As cenas da luta de boxe, a caracterização do quarto de Sherlock Holmes e do mesmo tocando sua rabeca/violino, estão totalmente de acordo com o original e não foram exploradas nos filmes anteriores.

Lionel Wigram, autor da HQ que deu origem a esse filme, conseguiu reunir as características do personagem relatadas por Conan Doyle em seus contos iniciais, como por exemplo em "Um Estudo em Vermelho" e "O Cão dos Baskerviles".


Estas entradas vão para minha coleção

Foi uma boa experiência, consegui entender o filme sem entender nada do que era falado, me senti nas salas de cinema mudo do século passado e melhor ainda, pude assistir ao filme antes que muitos no Brasil.